GRIOTS – DENILSON COSTA

 

 

O Negro na Labuta no Feriado de 20 de novembro (Dia da Consciência Negra)

O dia 20 de novembro, feriado que celebra a Consciência Negra, promete sempre (diferir), mas não para todos. Enquanto muitos se preparavam para um dia de descanso, reflexão e celebração, o negro na labuta enfrenta uma realidade que não se pausa para datas comemorativas.

Nas cidades, onde a vida pulsa em ritmo frenético, muitos negros vê obrigados a trabalhar, mesmo em um dia que deveria ser dedicado à valorização de sua cultura e à luta contra a desigualdade. O feriado, para eles, muitas vezes, é apenas mais um dia no calendário, um lembrete amargo de que a luta por reconhecimento e reparação histórica ainda está longe de ser vencida.

O homem negro, que acorda antes do sol, enfrenta o trânsito e as filas do transporte público, enquanto outros desfrutam de um merecido descanso. No comércio, na limpeza urbana, nas fábricas e nas obras, ele é a força invisível que mantém a cidade funcionando. Para muitos, a labuta diária não tem feriado; as contas não esperam. A necessidade de sustentar a família e garantir o pão de cada dia se sobrepõe a qualquer celebração.

E assim, enquanto as pessoas se reúnem em rodas de conversa, festas e manifestações de orgulho, o negro que trabalha, muitas vezes, não tem a mesma oportunidade de se juntar a esses momentos. Ele é o que serve, o que limpa, o que constrói, mas que também carrega consigo a história de um povo que enfrenta, a cada dia, a luta por dignidade e reconhecimento.

No entanto, mesmo em meio à labuta, há uma força inegável que permeia esses espaços de trabalho. O negro, que continua a suor e a esperança, carrega consigo a resiliência de seus antepassados. Ele sabe que, mesmo em um dia como o 20 de novembro, sua presença é um ato de resistência. Cada gesto, cada esforço, é uma afirmação de que sua contribuição é indispensável e que sua história merece ser celebrada.

E enquanto os que descansam celebram a consciência negra, aqueles que trabalham também o fazem à sua maneira. O sorriso de um cliente atendido, a satisfação de um serviço bem feito, o orgulho de um trabalho realizado são pequenas vitórias que, somadas, formam um grito silencioso por reconhecimento.

No dia 20 de novembro, o Brasil para para celebrar a Consciência Negra, uma data que nos convida a refletir sobre a história e a cultura afro-brasileira. Mas, em meio a tanta comemoração, é impossível não notar o lado folgado do nosso país. Um país que, por vezes, dança ao som da alegria sem se dar conta das feridas que ainda precisa curar.

É um dia de festa, com sambas e pagodes pelas ruas, onde a gente se permite esquecer um pouco das injustiças. Mas, ao mesmo tempo, é um lembrete da resistência de um povo que, mesmo após séculos de luta, ainda enfrenta desigualdades gritantes. O Brasil, com seu jeito folgado, parece às vezes se acomodar na ideia de que a celebração é suficiente. A festa é linda, mas e a consciência?

Enquanto as pessoas se reúnem em praças, com sorrisos estampados no rosto, é fundamental lembrar que a folga não pode ser apenas uma pausa nas demandas sociais. Precisamos nos engajar, educar e, principalmente, ouvir as vozes que clamam por justiça. O folgado, neste contexto, é o que ignora a luta alheia, que se contenta em apenas celebrar sem agir.

É preciso resgatar a essência do dia não é só sobre a música, a dança e as cores vibrantes, mas sobre o reconhecimento de um passado que ainda está presente. O Brasil que se orgulha de sua diversidade deve também se comprometer com a equidade. Que o dia 20 de novembro nos lembre que a consciência é um trabalho diário, que vai além das festividades. Assim, no feriado de 20 de novembro, é essencial lembrar que a luta por igualdade e respeito não se limita a um dia no calendário. A labuta do negro, que não para mesmo em datas comemorativas, é um testemunho da força e da resistência de um povo que, apesar de tudo, continua a se levantar, a se orgulhar de suas raízes e a lutar por um futuro onde todos possam, finalmente, celebrar juntos.

E que, ao final do dia, possamos reconhecer que a verdadeira consciência negra não é apenas uma data, mas um compromisso diário com a justiça, a igualdade e a valorização da cultura que molda a identidade do Brasil.

*Denilson Costa é professor universitário, escritor e historiador na cidade de Taubaté-SP e também leciona em São José dos Campos-SP na região do Vale do Paraíba. Membro titular, na Academia Taubateana de Letras, ATL, no dia 26 de janeiro de 2024, para ocupar a Cadeira nº 02 – Patrono: Cesídio Ambrogi.

Legado Eterno

 

Pensar na vida é quase parar o tempo…

Por um instante, respirar…

Talvez, entender as maravilhas que nos rodeiam.

Desvendar segredos nas entrelinhas do cotidiano.

Os desafios, por vezes, causam mágoas profundas;

Num emaranhado, buscamos entender um fim;

Às vezes cortante, chega a ferir a alma;

Sangra e desmancha;

E refazemos nossos sonhos;

Encaramos a morte como consequências ou findar de um tempo…

Levante a cabeça!

O tempo é agora, soma e construa!

Tempo… cada instante é precioso!

Uma oportunidade de renascer;

Transformar dor em aprendizado.

A vida é um ciclo, um eterno recomeço;

Entre as lágrimas e os sorrisos,

Caminhamos por estradas incertas,

Mas é na fragilidade que encontramos força,

Na escuridão, a luz nos guia.

Então, respire fundo, sinta o presente,

Celebre as pequenas vitórias,

Porque cada dia é um convite,

A viver com intensidade, a amar,

E a fazer do agora, um legado eterno!

Gratidão!

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Foto: Ilustração Freepik.

 

*Denilson Costa é professor universitário, escritor e historiador na cidade de Taubaté-SP e também leciona em São José dos Campos-SP na região do Vale do Paraíba. Membro titular, na Academia Taubateana de Letras, ATL, no dia 26 de janeiro de 2024, para ocupar a Cadeira nº 02 – Patrono: Cesídio Ambrogi.

Racismo ambiental e crise climática afetam os mais vulneráveis

 

Em momentos de crise climática, as classes mais altas seguem sem sofrer grandes impactos, enquanto populações mais vulneráveis perdem suas casas, vidas e até precisam migrar de seus territórios. Nesse cenário existe um conceito que nos ajuda a explicar essa desigualdade.

O termo “racismo ambiental” surgiu nos anos 1980, o conceito ganhou destaque durante os protestos contra depósitos de resíduos tóxicos no estado da Carolina do Norte (EUA), onde a maioria da população era negra.

O racismo ambiental refere-se às injustiças ambientais que afetam desproporcionalmente comunidades racializadas e marginalizadas. Essas populações enfrentam maiores riscos e impactos adversos em situações de desastres climáticos devido a uma combinação de fatores históricos, sociais e econômicos.

O racismo ambiental se manifesta em contextos de desastres climáticos, explorando dados e exemplos específicos para ilustrar essa desigualdade. As comunidades de baixa renda, assim como as comunidades tradicionais, geralmente residem em áreas mais suscetíveis a desastres e à poluição devido a políticas de zoneamento, exploração ambiental de territórios, o desenvolvimento urbano e negligência histórica por parte das autoridades. Os Desastres climáticos, como enchentes, desmoronamento e ondas de calor, afetam essas populações de maneira desiguais.

Comunidades marginalizadas, especialmente aquelas compostas por pessoas negras, vivem em áreas que foram historicamente negligenciadas por políticas públicas. Essas áreas tendem a ter menos infraestrutura, serviços de saúde e recursos de emergência. A segregação racial ao longo do tempo resultou na concentração de grupos vulneráveis em regiões com maior exposição a riscos ambientais, como zonas de enchentes e proximidade de indústrias poluentes, rodovias e aterros sanitários.
Populações vulneráveis geralmente têm menos recursos financeiros para investir em moradias seguras e em infraestrutura que possa mitigar os efeitos de desastres ambientais. A falta de recursos também impede a mobilidade dessas populações, limitando suas opções para se mudarem para áreas menos suscetíveis a riscos climáticos, o cenário atual de crise no Rio Grande do Sul é um grande exemplo dessa falta de mobilidade de comunidades mais pobres. Além disso, a capacidade de recuperação após desastres é menor, perpetuando um ciclo de vulnerabilidade​.

Ainda precisamos avançar, e muito, no que diz a representação de pessoas historicamente marginalizadas em processos decisórios políticos e de planejamento urbano. Essa falta de voz significa que suas necessidades e preocupações não são priorizadas na formulação de políticas ambientais. Consequentemente, essas comunidades são menos protegidas contra os impactos de desastres climáticos e menos beneficiadas por iniciativas de adaptação e mitigação​​.
Territórios indígenas e tradicionais sofrem exploração por indústrias extrativistas, mineração, agropecuária, entre outras. A falta de políticas de demarcação eficazes junto à aprovação de projetos de lei que flexibilizam a legislação ambiental ou ações como o “marco temporal”, facilitam a apropriação e degradação dessas terras. Isso não apenas ameaça a biodiversidade, mas também expõe estas comunidades a maiores riscos de desastres ambientais e perda de território.

O clima mudou, e nós também precisamos mudar

É urgente a necessidade de mudança! O racismo ambiental é uma realidade que amplifica os impactos dos desastres climáticos sobre as populações vulneráveis. Mas, como combater o racismo ambiental?

Compreender essa desigualdade é o primeiro passo para implementar políticas justas e eficazes. Desempenhar um papel crucial na mitigação desses impactos, promovendo a educação, o empoderamento e o desenvolvimento sustentável nas comunidades afetadas.

Também é preciso lembrar que o enfrentamento ao racismo ambiental vai além da solidariedade. As ações de combate devem ser constantes e estruturais. Isso inclui a responsabilidade de votar estrategicamente em políticos que levem a sério a pauta ambiental e estejam comprometidos em representar as comunidades mais vulneráveis. Esses líderes precisam adotar políticas que garantam a justiça climática, promovendo a igualdade no acesso a recursos e a proteção contra os desastres climáticos.

A ação política é uma das ferramentas mais poderosas para provocar mudanças significativas e duradouras.

Foto: ETEs Sustentáveis/Divulgação.

*Denilson Costa é professor universitário, escritor e historiador na cidade de Taubaté-SP e também leciona em São José dos Campos-SP na região do Vale do Paraíba. Membro titular, na Academia Taubateana de Letras, ATL, no dia 26 de janeiro de 2024, para ocupar a Cadeira nº 02 – Patrono: Cesídio Ambrogi.

Promessa Política

O Brasil, país de dimensões continentais e diversidade cultural, enfrenta diversos desafios em sua trajetória, e um dos problemas mais urgentes e complexos é o grande problema social que assola a nação. A desigualdade, a pobreza, a falta de acesso a serviços básicos e a violência são apenas algumas das questões que permeiam o tecido social brasileiro e exigem soluções urgentes e eficazes.

A desigualdade social é um dos problemas mais marcantes do Brasil, onde uma pequena parcela da população detém a maior parte da riqueza, enquanto milhões de pessoas vivem em condições precárias, sem acesso a educação, saúde, moradia digna e oportunidades de trabalho. Essa disparidade gera um ciclo de exclusão e marginalização que perpetua a pobreza e a injustiça social.

A pobreza extrema também é um grande desafio para o país, afetando milhões de famílias que lutam diariamente para garantir o básico para sua sobrevivência. A falta de políticas públicas eficazes, de emprego digno e de oportunidades de crescimento contribuem para a perpetuação desse cenário, gerando um ciclo de miséria e desesperança que se perpetua por gerações.

Além disso, a falta de acesso a serviços básicos de qualidade, como saúde e educação, agrava ainda mais a situação social no Brasil. Milhões de pessoas enfrentam longas filas nos hospitais públicos, escolas precárias e falta de infraestrutura básica em suas comunidades, o que impacta diretamente em sua qualidade de vida e bem-estar.

A violência urbana também é um dos grandes problemas sociais do Brasil, com altos índices de criminalidade, homicídios e violência doméstica que assolam as comunidades mais vulneráveis. A falta de segurança e a impunidade contribuem para um cenário de medo e insegurança que afeta a vida de milhões de brasileiros em todo o país.

Diante desses desafios, é fundamental que o Brasil adote políticas públicas eficazes, que promovam a inclusão social, a redução da desigualdade, o acesso universal a serviços básicos e a promoção da justiça e da segurança para todos os cidadãos. Somente assim será possível superar o grande problema social que assola o país e construir uma sociedade mais justa, igualitária e solidária para todos os brasileiros.

Em cada eleição, o cenário se repete. Os políticos, como artistas de um grande teatro, sobem no palanque com discursos ensaiados, repletos de promessas que parecem brotar da terra fértil da boa intenção. “Vamos combater a corrupção!”, “Promover a educação de qualidade!” e “Garantir saúde para todos!” eram algumas das frases que ecoa pelo ar, enquanto os eleitores, seduzidos pela retórica, aplaudem suas escolhas com a esperança renovação.

À medida que o tempo passa, a realidade se revela. As mudanças prometidas não chega, ou, quando aparecia, eram tão aquém do necessário que parece mais uma miragem do que uma realidade. A obras inacabadas, símbolo de promessas quebradas, e os cidadãos, antes esperançosos, foram transformando a expectativa em desconfiança.

E assim, a política se torna um jogo de palavras. O eleitor, cada vez mais cético, começa a questionar: “Quantas promessas são apenas fumaça?” A resposta parece clara, mas a esperança ainda persisti, como um fio que liga a a população aos seus representantes.

A promessa política continua a ser escrita. Entre desilusões e esperanças, o papel de cada cidadão é fundamental. Porque, no final das contas, a verdadeira mudança não está apenas nas promessas feitas, mas na capacidade de cada um exigir, fiscalizar e, principalmente, acreditar que um futuro melhor é possível. E quem sabe, um dia, as promessas não sejam mais apenas estrelas cadentes, mas sim constelações que iluminam um caminho de progresso e justiça para todos.

*Denilson Costa é professor universitário, escritor e historiador na cidade de Taubaté-SP e também leciona em São José dos Campos-SP na região do Vale do Paraíba. Membro titular, na Academia Taubateana de Letras, ATL, no dia 26 de janeiro de 2024, para ocupar a Cadeira nº 02 – Patrono: Cesídio Ambrogi.

O Vale do Paraíba ainda do SOBRENOME

Nos meandros da política, e em muitas regiões do Brasil, um fenômeno que desafia a democracia e a participação popular, o coronelismo.

Em suas entranhas, o coronelismo revela uma teia de relações de poder, domínio e influência que se estende por gerações, moldando a vida política e social de comunidades inteiras.

O coronelismo, com suas raízes fincadas na história do país, representa um modelo de poder concentrado, em que líderes locais, os chamados “coronéis”, hoje o dono do posto, da padaria, o “DONO”, exercem controle absoluto sobre seus territórios, impondo sua vontade e suas decisões de maneira autoritária e muitas vezes arbitrária.

Nesse cenário, a democracia é apenas uma palavra vazia, um conceito distante que raramente se materializa nas práticas políticas cotidianas.

Nas regiões onde o coronelismo ainda exerce seu domínio, a política se confunde com o mandonismo, a representação se torna uma fachada e a participação popular é sufocada pela imposição de interesses particulares.

As eleições se tornam meros rituais, as vozes dissonantes são caladas e a liberdade de expressão é cerceada em nome da manutenção do status.

No entanto, apesar da aparente solidez do coronelismo, é possível vislumbrar brechas de resistência e de transformação. Movimentos sociais, organizações da sociedade civil e cidadãos engajados vêm questionando as estruturas de poder tradicionais, exigindo maior transparência, participação dos representantes políticos.

A luta contra o coronelismo é, portanto, uma batalha pela democracia, pela igualdade de direitos e pela justiça social.

É um chamado à consciência cidadã, à mobilização popular e à construção de um sistema político mais inclusivo, transparente e responsivo às demandas da sociedade. Sou do Vale do Paraíba, onde o tempo parece fluir em um ritmo próprio, ecoam os ecos de uma política que se mantém enraizada nas tradições e nos costumes de tempos passados, na República da Fazenda.

É ali, entre as montanhas verdejantes e os rios serenos, que ainda se percebe a presença marcante do “coronelismo”, um sistema político que remonta a épocas antigas e que ainda exerce influência sobre as dinâmicas locais, controlando recursos, decisões e até mesmo a vida dos habitantes da região.

Esse sistema, marcado pela concentração de poder e pela hierarquia rígida, ainda se faz presente em muitas áreas do Vale do Paraíba, moldando as relações políticas e sociais de maneira significativa.

Nas cidades do Vale, é possível observar a influência do “coronelismo” nas práticas políticas, nas alianças partidárias e nos processos eleitorais. Os laços de lealdade e dependência que se estabelecem entre os líderes locais e suas comunidades refletem a herança de um sistema que, embora contestado e criticado, ainda exerce influência sobre a vida política da região.

No entanto, apesar da persistência do “coronelismo”, observamos que o Vale do Paraíba também é palco de movimentos de renovação, de resistência e de transformação. Cidadãos engajados, movimentos sociais atuantes e uma sociedade civil cada vez mais consciente e participativa vêm questionando as estruturas de poder tradicionais e buscando construir uma política mais inclusiva, transparente e democrática.

A luta contra o “coronelismo” no Vale do Paraíba é, portanto, um desafio constante, que demanda a mobilização de todos aqueles que almejam uma sociedade mais justa, igualitária e democrática. É preciso romper com as amarras do passado, superar as barreiras da tradição e construir um futuro em que o poder seja exercido de forma responsável, ética e em benefício de toda a comunidade.

No Vale do Paraíba, a política do coronel pode persistir, mas a voz da mudança, da renovação e da esperança também ecoa pelos vales e montanhas, apontando para um horizonte de transformação e de avanço rumo a uma sociedade mais justa e democrática para todos.

No Brasil contemporâneo, o coronelismo persiste como uma sombra do passado, mas a luz da democracia e da participação popular brilha cada vez mais intensamente, apontando para um horizonte de mudança e renovação. Que a voz dos cidadãos seja ouvida, que os valores democráticos sejam respeitados e que a política seja verdadeiramente um instrumento de transformação e de justiça para todos.

*Denilson Costa é professor universitário, escritor e historiador na cidade de Taubaté-SP e também leciona em São José dos Campos-SP na região do Vale do Paraíba. Membro titular, na Academia Taubateana de Letras, ATL, no dia 26 de janeiro de 2024, para ocupar a Cadeira nº 02 – Patrono: Cesídio Ambrogi.

*Pães para o Céu* 

“Debulhar o trigo 

Recolher cada bago do trigo

Forjar no trigo o milagre do pão 

E se fartar do pão”

A empatia e a caridade são conceitos relacionados que têm como finalidade promover o bem-estar e o cuidado pelos outros.

É a capacidade de se colocar no lugar do outro, compreendendo e compartilhando suas emoções e experiências. Ela nos permite desenvolver uma conexão emocional com as pessoas ao nosso redor, tornando-nos mais sensíveis às suas necessidades e desafios. A empatia nos ajuda a cultivar relacionamentos mais saudáveis, fortalecer a compreensão mútua e promover a solidariedade.

A caridade, por sua vez, envolve a prática de ajudar os outros por meio de atos de bondade, generosidade e compaixão. Ela está relacionada ao desejo de aliviar o sofrimento e promover o bem-estar das pessoas em situações de necessidade. A caridade pode se manifestar de diversas formas, como doações financeiras, voluntariado, apoio emocional e atenção às necessidades básicas das pessoas.

Tanto a empatia quanto a caridade têm a finalidade de criar um mundo mais compassivo e solidário, onde as pessoas se importam umas com as outras e estão dispostas a ajudar. Elas nos convidam a olhar além de nós mesmos e a agir em prol do bem comum, promovendo a justiça social e a igualdade. Ao praticar a empatia e a caridade, podemos fazer a diferença na vida das pessoas e contribuir para a construção de uma sociedade mais humana e inclusiva, precisamos entender e fazer a prática do horizontal, imaginemos.

Era uma manhã ensolarada de domingo, e um grupo de amigos decidiu se reunir no parque para um piquenique. Cada um deles trouxe algo para compartilhar: sanduíches, frutas, sucos e, é claro, pães fresquinhos.

Enquanto estavam sentados na grama, aproveitando a refeição, uma ideia surgiu na mente de um dos amigos. Ele sugeriu que jogassem os pães para o céu, como forma de praticar a caridade.

Inicialmente, todos acharam a ideia um tanto estranha, mas logo se empolgaram com a proposta. Então, pegaram os pães e começaram a arremessá-los para o alto, observando-os voar e se dispersar pelo ar.

Enquanto os pães voavam, os amigos refletiam sobre o verdadeiro significado da caridade. Eles perceberam que, assim como os pães foram compartilhados com o céu, a caridade é um ato de generosidade e compaixão que se espalha para além das fronteiras físicas.

A caridade não se limita apenas a doar alimentos ou recursos materiais, mas também envolve oferecer amor, apoio e compreensão aos que estão ao nosso redor. Assim como os pães foram jogados para o céu e se espalharam pelo ar, a caridade pode alcançar pessoas que nem mesmo conhecemos, trazendo esperança e conforto às suas vidas.

Enquanto os amigos continuavam a jogar os pães para o céu, eles perceberam que a caridade não é apenas uma ação isolada, mas sim um estilo de vida. É um compromisso contínuo de estender a mão aos outros, independentemente das circunstâncias.

E assim, naquele piquenique ensolarado, os amigos encontraram uma maneira única e divertida de compreender e praticar a caridade. Enquanto os pães voavam pelo céu, eles renovaram seu compromisso de serem pessoas generosas e compassivas, espalhando bondade por onde passarem.

Portanto, lembre-se sempre da importância da caridade em sua vida. Seja como os pães que voam para o céu, compartilhe sua generosidade e compaixão com o mundo ao seu redor.

Foto: Freepik.

*Denilson Costa é professor universitário, escritor e historiador na cidade de Taubaté-SP e também leciona em São José dos Campos-SP na região do Vale do Paraíba. Membro titular, na Academia Taubateana de Letras, ATL, no dia 26 de janeiro de 2024, para ocupar a Cadeira nº 02 – Patrono: Cesídio Ambrogi.

Família, Educação e Escola

 

 

 

A relação entre família, educação e escola é fundamental para o desenvolvimento integral dos estudantes. Enquanto a família desempenha um papel primordial na formação dos valores, hábitos e princípios dos indivíduos, a escola complementa essa educação ao fornecer conhecimentos acadêmicos e habilidades socioemocionais.

A família é o primeiro ambiente de aprendizado de uma criança e exerce grande influência na sua educação. É através da convivência familiar que os indivíduos aprendem sobre respeito, amor, responsabilidade e outros valores essenciais. Além disso, a família é responsável por transmitir conhecimentos culturais, éticos e morais, que moldam o caráter e a identidade dos estudantes.

No entanto, a escola desempenha um papel complementar à família, fornecendo uma educação formal e estruturada. Através do currículo escolar, os alunos têm acesso a uma variedade de disciplinas, como matemática, ciências, história, literatura, entre outras. Além disso, a escola promove o desenvolvimento de habilidades cognitivas, como a capacidade de raciocínio lógico, pensamento crítico, resolução de problemas e comunicação.

Além do aspecto acadêmico, a escola também desempenha um papel importante na formação socioemocional dos estudantes. Através de atividades extracurriculares, projetos sociais e interações com os colegas e professores, os alunos aprendem a trabalhar em equipe, a respeitar as diferenças, a desenvolver a empatia e a lidar com as emoções.

Portanto, a família e a escola são parceiras na educação dos estudantes. Enquanto a família educa, transmitindo valores e princípios, a escola ensina, fornecendo conhecimentos acadêmicos e habilidades para a vida. Quando há uma relação de respeito, diálogo e colaboração entre família e escola, o processo educacional se torna mais efetivo e enriquecedor para os estudantes.

A afirmação de que a escola precisa aprender antes de ensinar é uma reflexão interessante sobre a importância da atualização e adaptação do sistema educacional.

A educação é um processo dinâmico e em constante evolução, e a escola desempenha um papel crucial nesse processo.

Para que a escola possa cumprir sua missão de educar os estudantes de forma eficaz, é necessário que ela esteja sempre aberta a aprender e se atualizar.

Primeiramente, a escola precisa aprender sobre as necessidades e realidades dos alunos. Cada estudante é único, com diferentes habilidades, interesses e formas de aprendizado. É fundamental que a escola esteja atenta a essas diferenças e adote abordagens pedagógicas diversificadas, que se adequem às necessidades de cada aluno. Isso significa estar disposta a ouvir os estudantes, entender suas perspectivas e adaptar as estratégias de ensino para melhor atendê-los.

Além disso, a escola também precisa aprender sobre as transformações sociais, tecnológicas e culturais que ocorrem na sociedade. O mundo está em constante mudança, e a escola deve acompanhar essas transformações para preparar os estudantes para a vida no século XXI. Isso envolve estar atualizada em relação às novas tecnologias, às demandas do mercado de trabalho e às questões sociais e ambientais. A escola deve incorporar esses conhecimentos em seu currículo e práticas pedagógicas, de forma a proporcionar uma educação relevante e significativa para os alunos.

É importante que a escola aprenda com suas próprias experiências e avaliações. Através da análise dos resultados de aprendizagem dos alunos, da reflexão sobre as práticas pedagógicas e da busca por feedback dos estudantes e da comunidade escolar, a escola pode identificar pontos fortes e áreas de melhoria. Ao aprender com essas experiências, a escola pode aprimorar sua atuação e oferecer uma educação de qualidade cada vez melhor.

Portanto, a ideia de que a escola precisa aprender antes de ensinar ressalta a importância da flexibilidade, da atualização e da busca constante por melhorias no sistema educacional. Quando a escola está disposta a aprender e se adaptar, ela se torna mais eficaz na sua missão de educar os estudantes, preparando-os para os desafios e oportunidades do mundo contemporâneo.

 

*Denilson Costa é professor universitário, escritor e historiador na cidade de Taubaté-SP e também leciona em São José dos Campos-SP na região do Vale do Paraíba. Membro titular, na Academia Taubateana de Letras, ATL, no dia 26 de janeiro de 2024, para ocupar a Cadeira nº 02 – Patrono: Cesídio Ambrogi.

Olha o pirulito, troca por garrafa de litro

 

Piron era um menino muito inteligente, e bom de matemática. Ele adorava música, e vivia a assoviar. Era teimoso e, às vezes, até birrento. Adorava jogar bola com os amiguinhos dele no final do dia. Piron sempre se reunia no campo de futebol com os amiguinhos: Maninho, Chiquinho, Luizinho, etc. Nessas oportunidades, ele chupava cana, e a sobra do pirulito do tabuleiro, e jogava bolinha de gude, peteca…

Piron já descia o morro cantando e assoviando bem alto, para todo mundo ouvir, e comprar o pirulito que a mãe dele fazia para ele vender, e ajudar na renda da casa. Todo animado, ele anunciava o produto em alto tom:

– Olha o pirulito… Troca por garrafa de litro…

E, assim, ele ía todo faceiro!

Ainda ajudava nos afazeres de casa, e tratava dos animais.

Piron, na verdade, era a rapa do tacho, pois ele era o mais novo, ou seja, o caçula. Ele tinha 4 irmãs: Tata, Noe, San e Ne. A mãe, Dona Ana, conhecida em toda a vila como Naninha, a esposa do Joaquim, uma mulher guerreira, a qual ensinava os bons princípios aos filhos.

Piron, que era um garoto de apenas 9 anos de idade, estava muito feliz e esperançoso diante da possibilidade de tornar-se um grande milionário vendendo pirulitos. Na verdade, esse sonho era uma grande piada escondida na cabecinha tola desse nosso querido personagem. Coisa de criança!

Depois da aula de português do seu Afonso, Piron, eufórico, informou à mãe dele que ele estava preparado para vender pirulitos, mas ela disse que só os fariam à noite.

Piron ficou todo ansioso, esperando o dia seguinte.

Um pouco frustrado, Piron obedeceu à mãe dele, e não via a hora de chegar o momento de preparar os pirulitos.

A grande panela foi colocada no fogo. As irmãs do Piron ajudaram a dona Ana. Em seguida, elas adicionaram o açúcar. Piron ficou xeretando ao redor, até que a mãe dele pediu para ele fazer os canudinhos e colocá-los no tabuleiro. Após pôr todos os canudinhos no tabuleiro, Dona Naninha colocou a calda; esperou um pouquinho, e colocou os palitos. Pronto! Os 50 pirulitos já estavam prontos. Era só aguardar até o dia seguinte, e sair para vendê-los.

Na vila todos conheciam o Piron, pois ele vivia cantando e batucando pela vila. Ele era muito educado. Quando os moradores da vila passavam, eles comentavam:

– Olhem! O filho da Naninha! Que menino alegre, com o tabuleiro na mão!

Um certo dia, Piron foi correndo para o campo jogar bola; desceu o morro como um foguete de tão rápido, com o tabuleiro de pirulitos, e foi direto para o campo de futebol. Já todo cansado, trocou de roupa no meio do mato, e se apresentou  ao treinador do time: o senhor Salvador. Em seguida, Piron enrolou o tabuleiro de pirulitos no pano de prato, e foi jogar bola. Ele estava todo alegre, e ficava se imaginando um zagueiro do seu time de coração: o Corinthians.

Piron gritava sempre que se saía bem nas jogadas, e percebia que estava dominando a zaga. O senhor Salvador o apoiava, e confiava nele. Com isso, criava os bordões:

SAI PARA LÁ, BAGADE!

COMO ESTÁ A MARÉ!

E muitos outros…

Terminou o jogo, e Piron estava todo alegre, pois havia feito um gol de cabeça no cruzamento. O time no qual o Piron jogou ganhou o jogo com o gol dele. Foi uma festa só!

O senhor Salvador pagou Tubaína para todo mundo.

Uma certa hora, Piron começou a ficar pensativo, e começou  a procurar o tabuleiro de pirulito. Quando o encontrou, já estava tomado de formigas, e ele precisava dar conta para a mãe dele.

Naquele dia, foi um desespero para o Piron, mas, no fim, deu tudo certo, pois a dona Naninha, muito sábia, lembrou de uma frase que é um famoso ditado popular, e a disse para o filho Piron:

“Primeiro a obrigação, depois a diversão!”

*Denilson Costa é professor universitário, escritor e historiador na cidade de Taubaté-SP e também leciona em São José dos Campos-SP na região do Vale do Paraíba. Membro titular, na Academia Taubateana de Letras, ATL, no dia 26 de janeiro de 2024, para ocupar a Cadeira nº 02 – Patrono: Cesídio Ambrogi.

Esmagar com as mãos

 

 

Quando criança era uma alegria, a semana santa a família reunida ao redor do pilão, que saudade a mãe já separava, amendoim, açúcar, a farinha e o sal, uma pitadinha de sal que equilibrava o paladar, o pai sempre dizia sal é o tempero da vida!

Socava o amendoim no pilão fazia aquela mistura, até dar o ponto, tudo feito com muito amor!

Era um momento de reflexão e silêncio. A paçoca de amendoim (do tupi po-çoc, “esmigalhar”) é um doce tradicional brasileiro à base de amendoim, farinha de mandioca e açúcar, típico da comida caipira do estado de São Paulo.

É tradicionalmente preparada no Brasil para consumo nas festividades da Semana Santa e festas juninas. O preparo da paçoca para a Semana Santa, vai além da culinária em si, é um ritual cristão de valorização do amor e da harmonia em família. Há também as paçocas industrializadas que são vendidas e consumidas o ano inteiro. Entre estas, existem as chamadas paçoquinhas de amendoim tipo rolha, que são vendidas com a forma cilíndrica das rolhas e com uma cor que também se assemelha de certa forma à destas.

Os moradores dos grandes centros costumam ouvir falar em paçoca só durante as festas juninas. Preparada com amendoim, farinha de mandioca ou de milho, açúcar e sal, é uma guloseima muito consumida neste período, no caso do Vale do Paraíba, no Estado de São Paulo, onde a paçoca é usada o ano inteiro.

A origem da paçoca remonta (tem origens antigas) ao período do Brasil-Colônia (Época em que foi descoberto o Brasil), mas há relatos de que o hábito de misturar a farinha de mandioca a outros ingredientes era comum entre os nativos da América, bem antes da chegada do colonizador europeu (os portugueses). O costume de fazer paçoca com amendoim chegou ao Brasil através da colonização, mas a mistura da farinha de mandioca com outras sementes, raízes e temperos já era uma prática comum entre os povos indígenas.

A paçoca é um prato comum em diversas regiões do Brasil; a diferença está na maneira de prepará-lo.

Preparada com carne de sol socada no pilão com farinha de mandioca, salgada com carne seca Típica do Vale do Paraíba, região bastante apegada ás tradições católicas, a paçoca recebe banana em vez da carne durante a Quaresma, ganhando uma versão doce, e há gosto para tudo, imaginar que tenho um irmão que gosta de paçoca com torresmo.

Apesar de popular, é difícil encontrar quem faça paçoca à moda antiga, socada no pilão. O preparo envolve uma série de etapas e cuidados: a torra do amendoim, tirar a pele, socar no pilão com muita paciência e energia, peneirar e voltar a amassar…

As pessoas mantiverem a tradição de fazer o jejum da carne durante a Quaresma, em especial, na Semana Santa, a paçoca integrará (vai fazer parte) do cardápio da época. A igreja não diz para as pessoas comerem paçoca, mas o hábito está relacionado com a cultura da alimentação. Tornou-se tradicional substituir a carne pela paçoca. Hoje, isso faz parte da manifestação da religiosidade de muitos brasileiros.

Foto: Arquivo/Divulgação.

*Denilson Costa é professor universitário, escritor e historiador na cidade de Taubaté-SP e também leciona em São José dos Campos-SP na região do Vale do Paraíba.

A cor Púrpura

 

 

Eugenia foi uma concepção racista, por intermédio da qual procurava-se justificar o atraso econômico pelo fato de o país possuir uma grande população negra, pobre e doente, os considerados por boa parte da elite médica brasileira, não adaptáveis e inconvenientes ao desenvolvimento econômico. Quando analisamos o conceito de raça usado para segregar e oprimir uma população que, ainda hoje, é invisibilizada, tendo os direitos humanos violados. O racismo estrutural simbolicamente mantém o povo preto no tronco, amarrado muitas vezes em promessas políticas, podemos analisar a lei 10.639/03, onde a obrigação nas instituições não é abordada, como deveria ser é mais fácil entender o BNCC, do que a lei 10.639/03.

As teorias eugênicas no Brasil se consolidaram com o intuito de embranquecer a população, o que hoje pode ser visto como uma mancha na história. Em 1820, com as primeiras regras restringindo o tráfico de escravos, o Brasil incentivou em massa a migração europeia.

Além de trazer mão de obra qualificada para o Brasil, engenheiros sociais desejavam embranquecer o país.

As imigrações portuguesa, alemã, italiana e japonesa foram incentivadas no século XIX. Outras políticas públicas foram feitas no Brasil motivadas pelas teorias eugenistas.

Entre 1853 e 1870, a então capital do Brasil, Rio de Janeiro, passou por uma reforma. O modelo de inspiração era a cidade de Paris, com largas avenidas arborizadas. Mas o centro do Rio era tomado por casarões antigos do período colonial.

As velhas estruturas abrigavam cortiços, casarões onde coabitavam muitas famílias de condição humilde.

Para os reformadores do Rio de Janeiro, a capital do país que desejava se modernizar não poderia ter seu centro tomado por pessoas tidas como “indesejáveis”. Motivados pelas teorias eugênicas, as autoridades do Rio de Janeiro expulsaram os moradores dos cortiços do centro e demoliram os casarões.

A reforma do Rio de Janeiro deu origem ao processo de favelização da cidade.

A Eugênia mostra que os meios pelo sofrimento psíquico, levou as dores de ser negro em um país patriarcal, machista, racista e classista. O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 diz que somos iguais perante a lei sem distinção de qualquer natureza. E que a prática do racismo constitui crime inafiançável. Direitos que não são respeitados. Há no Brasil uma coisificação. Negros e negras deixam de ser vistos como pessoas e são tratados como coisas, deixando à mostra uma sociedade cruel e desumana adoecida por padrões e valores deturpados que julgam e condenam pessoas por sua cor, raça e classe.

As mulheres negras lutam contra machismo, racismo e exclusão. Há diferença enorme nas construções sociais de ser mulher e ser mulher negra. Existe uma desigualdade histórica que privilegia a população branca em detrimento da não branca. A nossa sociedade embasa comportamentos racistas e discriminatórios que se perpetuam e seguem ceifando vidas inocentes.

Precisamos lutar por uma sociedade mais justa, que se organiza no sentido de superar as injustiças sociais.

Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação.

 

*Denilson Costa é professor universitário, escritor e historiador na cidade de Taubaté-SP e também leciona em São José dos Campos-SP na região do Vale do Paraíba.

 

A Primeira periferia paulistana.

 

Conceito de democracia, como disse Aristóteles:

“Isso, então, é uma nota de liberdade que todos os democratas afirmam ser o princípio de sua nação. Outro é que um homem deve viver como ele gosta. Dizem eles, isso é o privilégio de um livre, uma vez que, por outro lado, não viver como um homem gosta é a marca de um escravo. Essa é a segunda característica da democracia, da qual surgiu a reivindicação dos homens de serem governados por ninguém, se possível, ou, se isso for impossível, de governarem e serem governados por turnos; e assim contribui para a liberdade baseada na igualdade “.

No século 19, o soldado negro Francisco José das Chagas foi levado à forca por liderar uma revolta que exigia o pagamento de salários. Caso ocorreu no local onde hoje fica a Praça da Liberdade, no bairro de mesmo nome em São Paulo.

No dia 20 de setembro de 1821, o soldado Francisco José das Chagas seria enforcado no Largo da Forca, onde pessoas que tinham cometido crimes eram condenadas à morte. O local era o mesmo onde hoje fica a Praça da Liberdade, no bairro de mesmo nome em São Paulo.

O crime de Chaguinhas, como o soldado ficou conhecido, foi liderar uma revolta em Santos contra o não recebimento dos salários.

O que não se esperava era que a corda com a qual Chaguinhas seria enforcado arrebentaria três vezes, fazendo com que a população que assistia ao ato começasse a gritar “liberdade”.

Chaguinhas não foi perdoado e foi morto a pauladas. Mas ganhou fama de santo popular e o corpo foi levado para a Capela dos Aflitos, erguida em 1779, que pertencia ao Cemitério dos Aflitos, onde eram enterrados negros, indígenas e os enforcados.

No local em que o soldado quase foi enforcado, as pessoas começaram a acender velas e surgiu a Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados em 1853. Já a Capela dos Aflitos passou a receber, desde então, devotos que iam pedir milagres, colocando papéis em uma porta de madeira e batendo nela três vezes – número de arrebentamentos da corda.

Apesar de essa história ser pouco conhecida, vem daí o nome do bairro.

Liberdade era palco, nos séculos 18 e 19, do Pelourinho, poste em que os escravizados eram castigados, além de receber as primeiras residências das pessoas negras alforriadas.

Só no começo do século 20 o bairro começaria a ser ocupado pelos japoneses, recém-chegados em São Paulo. Esse foi um dos processos de gentrificação da cidade, que expulsou os negros que moravam naquela que foi uma das primeiras periferias paulistanas.

Foto: Ilustração/Arquivo Pessoal.

 

O que significa Griots!

 

Chama-se griot (pronúncia: “griô”) ou ainda jeli (ou djéli) um personagem importante na estrutura social da maioria dos países da África Ocidental, cuja função primordial é a de informar, educar e entreter. É uma figura semelhante ao repentista no Brasil, com a diferença de que constituem uma casta (costumam casar-se somente com outros griots ou griottes, seu equivalente feminino), assumindo uma posição social de destaque em seu meio, pois este é considerado mais que um simples artista. O griot é antes de tudo o guardião da tradição oral de seu povo, um especialista em genealogia e na história de seu povo.

Acredita-se que o termo griot tenha surgido da palavra “criado”, em português, idioma que desde o século XV influenciou boa parte da região onde encontram-se tais cantadores. O griotismo, ou seja, a atividade de griot está presente entre os povos mande, fula, hausa, songhai, wolof entre outros (tais povos estão espalhados entre vários países da África, desde a Mauritânia mais ao norte até a Guiné ou o Níger mais ao sul).

 

*Denilson Costa é professor universitário, escritor e historiador na cidade de Taubaté-SP e também leciona em São José dos Campos-SP na região do Vale do Paraíba.

 

 

 

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