FINAL DE ANO E DEPRESSÃO

 

Final de ano e a depressão – Sejamos anjos na vida de quem necessita.

 

*Por Dr. Marcio Renzo

 

Final do ano chegando e os pensamentos são: o que fazer para festejar? Que roupa vou usar? As férias chegaram. Etc. Para uma parcela da sociedade esses são pensamentos comuns e animadores, porém para outras causa extremo sofrimento e preocupações.

Não precisa pesquisar muito para chegar à conclusão que os números de suicídios e autolesões aumentam consideravelmente nesta época do ano. Segundo a Associação Brasileira de Medicina de Emergência esse número aumentou muito. Deu um salto de 25% na última década. Somente em 2023, segundo o DataSUS, 16.225 pessoas provocaram lesões intencionalmente contra si mesmas, isso dá uma média de 44 pessoas por dia.

Um outro termômetro para esse fato é que segundo o CVV (Centro de Valorização da Vida), historicamente, há um aumento de cerca de 20% no volume de ligações que recebem em dezembro, especialmente entre as datas de Natal e Ano Novo.

Nessas datas as pessoas ficam mais sensíveis à sentimentos de frustrações e, portanto, as ideias suicidas tornam-se mais frequentes, por isso a nossa atenção deve estar redobrada para esses comentários.

Os famosos “balanços de final de ano”, que trata da autopercepção sobre o que a pessoa desenvolveu durante o ano e a perspectiva do que poderá vir a realizar no ano vindouro tendem a ser mais negativos para esses indivíduos, dessa forma tendem a estar mais propensos cometer tais atos contra sua integridade.

Um exemplo dessa situação foi brilhantemente mostrado no filme “A felicidade não se compra”, de Frank Capra, onde o protagonista, à beira do suicídio, é convidado pelo anjo da guarda a ver a vida por uma outra perspectiva.

A depressão, em sua forma mais grave, leva o paciente a ter essas reações punitivas, não o deixa ter a capacidade de enxergar a vida de outra forma, daí a importância de ter esse apoio mostrado no filme na figura do anjo. Trazendo para a vida real, nós podemos fazer este papel estando atentos a essas ideias e perceber nas pessoas próximas esse pedido de socorro, muitas vezes velado.

É importante ressaltar que o acolhimento, a audiência não punitiva desse indivíduo é essencial. Ouvi-los sem julgamentos ou comparações é importantíssimo. As comparações ainda que por vezes sejam bem-intencionadas podem piorar o sentimento desse paciente. Ouça-o sem invalidar e sem o castigar pelo que ele está sentindo, essa invalidação o paciente já o faz e com muita ênfase.

Se a pessoa ainda persistir nessas ideações, a ajuda profissional deve ser procurada imediatamente, além de procurar não a deixar sozinha por longos períodos.

Estejamos atentos e tenhamos todos: Boas festas!

*Dr. Marcio Renzo psicanalista,  especialista em Hipnose clínica, membro da Associação Brasileira de Psicanálise.

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