EXPOSIÇÃO E FEIRA DO LIVRO SP

 

Exposição em SP mostra computação quântica e inteligência artificial

 

Festival Internacional de Linguagem Eletrônica começa nesta quarta.

 

A vanguarda da ciência e a expressão artística contemporânea se encontram mais uma vez no tradicional Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), que ocorre a partir desta quarta-feira (3) no Centro Cultural Fiesp, na capital paulista.

O evento, que explora a intersecção entre arte e tecnologia e fomenta espaços de exposição e de debates sobre inovações artísticas impulsionadas por tecnologias inovadoras, está completando 25 anos de existência. Nesta edição, trabalha especialmente com a computação quântica e a inteligência artificial sintética.

 

Com o tema QUBIT AI – quantum & synthetic ai, a mostra tem curadoria de Ricardo Barreto e Paula Perissinotto.

“O Qubit é relativo à computação quântica e o AI é relativo à inteligência artificial”, explicou Paula Perissinotto, co-organizadora e co-curadora do festival. “O Qubit é o bit da computação quântica [uma unidade básica de informação usada para codificar dados em computação quântica]. Normalmente, a computação tem como bit [menor unidade de informação em sistemas digitais] o 0 ou 1. Já a computação quântica tem o Qubit, que é mais do que 0 e 1, ele é o 0 ou 1 sobreposto, emaranhado, enfim, é outra computação. Os sintéticos, por sua vez, são as inteligências artificiais, obras que foram construídas por inteligência artificial com comando humano”, disse ela em entrevista à Agência Brasil.

 

São Paulo – Vanguarda da ciência e expressão artística contemporânea se encontram no tradicional Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File) na capital paulista – Foto Eloise Coomber/Divulgação.

Essas duas tecnologias têm se destacado muito no cenário contemporâneo: enquanto a computação quântica é o início de uma revolução emergente em todo o mundo, a inteligência artificial sintética já é uma revolução de fato, oferecendo aos artistas novo modo de fazer e de entender a arte, abrindo espaço para novas formas, conceitos e expressões artísticas.

“As pessoas vão encontrar aqui [na exposição] uma camada de tudo. Uma camada digital, que já faz parte do File e que agora está se revelando quase como um passado, até experiências estéticas ainda muito rudimentares no que tange à computação quântica, que são os primórdios da computação quântica. Além disso, há também um computador quântico que estará aqui como objeto e que, na verdade, é uma carcaça enorme de refrigeração que guarda uma coisa pequenininha. E também aqui as pessoas vão encontrar bastante conteúdo produzido, os chamados sintéticos, tanto estéticos quanto clipes, filmes, experiências arquitetônicas sintéticas e sonoras”, afirmou Paula.

Os visitantes da mostra poderão não só contemplar diversas dessas experimentações como também interagir com algumas instalações, vídeos e esculturas digitais.

 

São Paulo – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), no Centro Cultural Fiesp, na capital paulista – Foto Paul Gründorfer & Leonhard Peschta/The Sea/Divulgação.

Obras

Algumas das obras em exposição são bastante interativas ou imersivas. Entre elas a instalação Ego, em que sua imagem é projetada e distorcida na parede como se fosse um desenho primitivo, mas sempre acompanhando os movimentos de seu corpo. Outra obra é The Forgettable Art Machine, que captura a imagem do público e inicia um processo de análise dentro de seu banco de dados, encontrando a imagem de alguma obra de arte ou fotografia que se assemelhe àquela que foi produzida por você.

“Há ainda uma experiência dos sintéticos sonoros, onde a pessoa coloca um fone de ouvido e pode circular por três vídeos, mudando o som a cada passo que dá em frente de outro vídeo. Há também a obra do Marc Vilanova, uma experiência estética digital, em que ele fez captura de sons de cachoeira, a vibração desse som movimenta fibras óticas e cria toda uma relação. Essa obra é interativa, as pessoas podem tocar, sentir a vibração e também criar uma forma estética. Tem também a gaiola, que é uma experiência de realidade virtual muito interessante e que te transporta para dentro dela”, acrescentou a curadora.

Em entrevista à Agência Brasil, o artista espanhol Marc Vilanova explicou sua obra chamada Cascade, que é uma reflexão sobre como as mudanças climáticas afetam o ecossistema. “Cascade é uma instalação em que trabalho com frequências infrassônicas. As cachoeiras produzem sons que são muito baixos. Os humanos não podem ouvi-los, mas há espécies, como as aves, que ouvem essas ondas infrassônicas da cachoeira e as utilizam para navegar quando fazem migrações de larga distância”.

“O que fiz aqui foi gravar com um gravador especial essas ondas infrassônicas das cachoeiras. Fui ao Niágara, no Canadá, em busca de grandes cachoeiras e quero também ir para Foz do Iguaçu, aqui no Brasil. O que faço é tentar reproduzir essas frequências por caixas de som. E essa vibração é traduzida em fibra óptica, luminescente, que desce, permitindo ver o som cair, ver as vibrações do som caírem pela fibra óptica. Você consegue ver esse som, sentir esse som e tocá-lo. O público está convidado a interagir com a peça, atravessá-la e tocar essas vibrações com a pele”.

Arte e ciência

São Paulo – Festival Internacional de Linguagem Eletrônica (File), no Centro Cultural Fiesp, na capital paulista – Foto Thales Leite/Divulgação.

Além da experiência estética, o festival também explora a experiência científica. Uma delas, por exemplo, é a obra Fotografia Quântica, da cientista brasileira Gabriela Barreto Lemos, pesquisadora e professora na Universidade Federal do Rio de Janeiro. Ela demonstra um experimento científico que usa dois feixes de fótons infravermelhos entrelaçados quanticamente: o primeiro é direcionado para uma placa de silício gravada com a imagem de um gato. O segundo é enviado para uma trajetória diferente, sem interação com a placa de silício.

Foi a primeira vez que uma imagem foi capturada por um feixe de luz sem que ele tenha interagido com o objeto fotografado.

“Produzimos ali uma foto, a imagem de um objeto pelo qual a luz captada pela câmera não passou. Geralmente, para se fazer uma foto, você joga uma luz em um objeto e essa luz é refletida e captada pela câmera ou pelo seu olho. Mas, nesse caso, a gente tinha dois feixes de luz, na verdade fótons, emaranhados. Um deles passa pelo objeto a ser fotografado e o outro gera imagem. Então, o que é captado pela câmera nunca passou pelo objeto e a luz que passou pelo objeto não vai até a câmera. É como se fosse uma foto deslocalizada no espaço”, explicou a cientista.

Aqui, essa técnica inovadora foi apresentada como arte, mas ela tem potencial para ser utilizada e aplicada em áreas como a medicina para diagnósticos de imagem. Para Gabriela, é interessante como um trabalho desenvolvido para avanço científico de uma área que, em teoria, não estaria em uma exposição de arte, acabe em uma mostra artística. “Ela acaba aqui instigando a pergunta do que seria uma nova geração de fotografia e vídeo. O que seria a imagem da pós-revolução tecnológica quântica? Já me perguntaram se ela é analógica ou digital. Mas essa discussão não faz sentido porque é de outra ordem, outra lógica. Estou aqui só mostrando um pouco a ideia, mas o que está por trás tem uma mudança até de paradigma de como a gente pode fazer imagens técnicas e científicas de coisas que nos interessam e que são inacessíveis com as câmeras que temos disponíveis”, afirmou.

Todas essas obras poderão ser vistas gratuitamente no festival até o dia 25 de agosto. Mais informações podem ser obtidas no site do File ou do Centro Cultural Fiesp. (Fonte e foto: Agência Brasil/EBC agenciabrasil.ebc.com.br).

Com programação gratuita e ao ar livre, Feira do Livro agita SP

Festival literário na Praça Charles Miller terminará no domingo.

 

Com uma extensa programação cultural gratuita e ao ar livre e também com estandes de venda de livros, a Feira do Livro acontece até o próximo domingo (7) na capital paulista. O festival literário é realizado na Praça Charles Miller, em frente ao antigo estádio do Pacaembu, atualmente Mercado Livre Arena Pacaembu.

Nesta tarde ensolarada de terça-feira (2), a Feira do Livro entrou em seu quarto dia de evento. Algumas pessoas aproveitaram essa tarde agradável na capital paulista para passear pelo festival, comprar livros e aproveitar a programação cultural.

Este foi o caso da intérprete e professora bilíngue Celene Santos, 62 anos, que visitou a feira pela primeira vez. “Já dei uma passada pela parte de [livros] infantis, pela parte internacional e pela parte de artes, que está muito bacana”, disse ela. “Essa feira é importância vital para o país e para que as pessoas comecem a retornar aos clássicos e ficarem aliviadas da tensão e da tortura mental que é a tecnologia massiva. Ler dá asas e espaço para você encontrar sua criança interior e também dá espaço para você se aproximar do outro”.

Professora bilíngue Celene Santos, durante visita a Feira do Livro no Pacaembu. Foto  Rovena Rosa/Agencia Brasil.

Já a analista de sistemas Carolina Nicolau Castilho, 37 anos, decidiu acompanhar seu marido e sua filha de 7 anos na feira, aproveitando que o evento estava hoje bem mais tranquilo do que aos finais de semana. “Viemos também no ano passado, mas em um final de semana, então estava mais cheio. Aqui é um ambiente gostoso, familiar, com atividades para crianças e adultos. Meu marido veio aqui fazer alguns negócios e eu e minha filha viemos aqui passear e comprar alguns livros. Minha filha já comprou um livro para ela”, contou. “Ela está na fase de alfabetização, começando a pegar gosto pela leitura, então é legal ela ter esse contato e ver a quantidade de livros que tem aqui”.

Carolina Nicolau Castilho e a filha visitam A Feira do Livro no Pacaembu. Foto – Rovena Rosa/Agencia Brasil.

Houve até quem chegou à feira por acaso. Como foi o caso do agente de viagens, atualmente desempregado, Fernando Pereira da Silva, 41 anos. Ele, que vive em uma casa de acolhimento, decidiu hoje passear pela região do Pacaembu e acabou se deparando com a feira. “Estava andando, caminhando e lembrando um pouco do passado, da época em que eu tinha 12 ou 14 anos e em que andava por aqui [pela região]. Aí me deparei com a feira. Estou achando legal. É legal o público vir aqui e saber como é o mundo. Ler é muito bom, mas eu preciso retomar minhas leituras. Mas estou aqui gostando de ver tudo isso”, falou ele. “A cultura não é só viver, se alimentar e se multiplicar. Há muitas coisas para se conhecer lá fora”, disse ele.

Rádio Nacional

E quem está acompanhando tudo de perto é a Rádio Nacional de São Paulo, veículo da Empresa Brasil de Comunicação (EBC), que montou uma estrutura no local para as entradas ao vivo, direto da feira, pelo programa Tarde Nacional. O programa vai ao ar a partir das 15h, promovendo entrevistas com autores e visitantes do evento.

“Essa é a primeira transmissão externa da Rádio Nacional de São Paulo desde que foi criada. E ao longo de toda esta semana estaremos fazendo a transmissão do programa Tarde Nacional direto daqui [da feira]. Com entradas ao vivo daqui e também chamamos outras entrevistas que fizemos com escritores, editores e público”, disse Priscila Kerche, poeta, apresentadora e comentarista de literatura do programa Tarde Nacional, em entrevista à Agência Brasil.

“Estamos falando de um evento que promove a leitura, a literatura e o pensamento crítico e, sendo uma rádio pública, nada mais justo do que darmos espaço para esse evento, que é gratuito. Estamos também dando visibilidade para autores menores, que não tem tanto espaço na grande mídia, e para debates políticos que não têm tanta atenção”, explicou.

Em São Paulo, o programa poderá ser acessado pelo canal 87,1 FM e também pela internet ou pelo aplicativo Rádios EBC. “Todo o conteúdo que estamos produzindo – como as entrevistas com a poeta contemporânea Mar Becker, o psicanalista Christian Dunker e com o linguista Caetano Galindo – ficarão depois disponíveis nas rádios da EBC”, explicou Priscila Kerche. (Fonte e fotos: Agência Brasil/EBC agenciabrasil.ebc.com.br).

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